domingo, 15 de abril de 2012

Tirem as mãos da Sociologia! Folha de São Paulo.Mais uma opinião errada.



Em resposta ao editorial Lição Errada, publicado pelo jornal Folha de São Paulo no dia 20/03/ 2012, nós professores de Artes, Sociologia e Filosofia da Escola Estadual Professor Alberto Conte, tornamos público nosso repúdio com o artigo, pois o mesmo traz consigo marcas de uma imprensa que prática um jornalismo do quanto mais confuso melhor, então vamos ao texto.
A Folha de São Paulo afirma que Sociologia, Filosofia e Artes não correspondem a necessidades dos alunos de ensino médio do país, e ainda deixa claro seu preconceito em relação aos professores que lecionam Filosofia e Sociologia, dando a entender que há riscos de práticas de proselitismos por parte desses professores, omitindo do leitor que essas disciplinas foram postas fora do currículo escolar nas ditaduras Vargas e Militar, negando um passado de lutas para a inclusão das disciplinas no ensino médio. O editorial continua provocando confusão quando diz que o currículo proposto pelo governo do Estado pode aumentar o fosso entre a escola pública e a particular, pois bem, em um país, onde a educação não é prioridade, mas sim privilégio de classe, o fosso é apenas uma consequência de uma sociedade de classes. E por fim observamos um discurso pró- mercado, quando diz que os conteúdos são enfadonhos e que o governo de São Paulo deveria concentrar esforços em matérias estruturantes como português e matemática. Reconhecemos a importância dessas disciplinas e de outras, mas acreditamos que Sociologia, Filosofia e Artes, como disciplinas que podem ser transformadoras no individuo e na sociedade em que está inserido, a partir do momento em que ele perceber, “o pertencer” a uma sociedade.
E por fim, observamos que a posição da Folha de São Paulo não passa da defesa de uma sociedade individualista e tecnicista, onde afirma que o retorno dessas disciplinas são apenas experimentalismos duvidosos, demonstrando o quanto a Folha confunde o leitor com tal afirmação, sendo assim, para a Folha uma educação voltada para o pensar e agir do indivíduo é apenas uma Lição Errada.


Professor: Jose Antônio – Sociologia

domingo, 8 de abril de 2012

A questão indígena no Brasil



Por Nando Poeta

A História oficial
Contada por dominantes.
Os índios são uns bandidos
Perigosos habitantes.
Que não gosta do trabalho
Da preguiça, praticantes.

Os brancos nas Caravelas
Armados até os dentes.
Desembarca impondo a força
Esmagando as sementes.
E que as terras e riquezas
Agora são seus presentes.

Em troca os Brancos lhe davam
Espelhos, vários tecidos.
Canivetes para o corte
Aos índios são prometidos.
Mas bala e arma de fogo
De um lado faz os feridos.

É preciso conhecer
O outro lado da história.
Em que europeus cruéis
Esmagou,matou memória.
Praticando genocídio
Essa foi à trajetória.

O índio teve seu sangue
Na América derramado.
Estupros, furtos, massacres
De um povo humilhado,
Atacados cruelmente
Um a um assassinado.

As terras foram invadidas
Por espanhóis, portugueses.
Também se sentiram donos
Muitos piratas franceses.
Adoçaram sua riqueza
Em seguida os holandeses.

A chamada descoberta
Foi uma pura invenção
Dos tais colonizadores
Que fizeram a invasão.
Afirmando para todos:
- Somos civilização.

Já chegaram à terra alheia
Desmatando a floresta.
Dizendo que o nativo
Era selvagem e não presta.
E que agora o europeu
Será dono do que resta.

Trouxeram nas caravelas
Suas balas, seus canhões.
Disposto a exterminar
Aquelas populações.
Os índios têm suas vidas
Roubadas pelos ladrões.

Todas as tribos indígenas
Em combate desigual.
Sofreram grandes ataques
Na sua terra natal.
Expulsos, e massacrados
Tiveram um ponto final.

Para garantir domínio
Trouxeram a religião
Que rezava pra ter força
Com a catequização.
Acobertaram os crimes
Dessa colonização.

Com arco, flecha e canoa
O índio é habilidoso.
Na dança e pintando o rosto
No combate, corajoso.
Com a fauna e a flora
Sempre muito harmonioso.

O índio em nosso país
Tem sido tão maltratado.
A sua vida, cultura
Se deixa sempre de lado.
O habitante indígena
Precisa ser respeitado.

Legitimo filho da terra
Resistiu ao invasor.
Do falso descobrimento
Feito pelo explorador.
Da riqueza do Brasil
Extraíram seu valor.

Plantaram em nossas mentes,
Que o índio é preguiçoso.
Foge, corre de serviço
Passando o tempo ocioso.
Que querem tudo nas mãos
Além de ser perigoso.

Ao contrário é defensor
Da mata, da natureza.
Amigos dos animais
Os tratam com sutileza.
Querer ter a liberdade
É a sua fortaleza.

A morada na aldeia
Tem tarefa dividida.
O que se planta e se colhe
Seja pesca outra comida.
Por toda gente que habita
Igualmente é repartida.

Cuidar de filhos, plantar
Das mulheres é sua parte.
O homem com caça e pesca
Se pintam com muita arte.
Guerrear com arco e flecha
È sempre seu baluarte.

A choupana é o abrigo
Na tribo é a morada.
Tem oca grande, pequena
E é coletivizada.
A comunidade indígena
Assim é organizada.

Para curar tem pajé
A reza faz ao tupã.
O Cacique é governante
É o chefe maior do clã.
Respeito à comunidade
Seja jovem ou anciã.

No seio da natureza
Em busca do alimento.
Caça tatu, paca e anta
Pra pescar tem um talento.
Com plantas e as raízes
Faz remédio, tratamento.

O ar, água e os bichos
É um bem muito sagrado.
A terra, toda floresta
É um diamante amado.
E o morador da mata
Deve ser valorizado.

Contribui enormemente
Na formação da cultura.
Com as plantas da floresta
Doença muito se cura.
Produz pra subsistência
Em simples agricultura.

A dança faz o festejo
Ao som de um maracá.
No barulho do instrumento
O toré chega por lá.
Na roda só alegria
No toque de um ganzá.

Aruaque e macro-jê
Língua tupi-guarani,
Caribe, pano, tucano
Nambiquara, cariri
Se fala ianomâmi
O monde e maxacali.

Cana-de-açúcar, algodão
Jerimum, pimenta e fava,
Banana, tabaco, milho
Sempre na mata encontrava.
Inhame, batata-doce
Dava na terra tão brava.

Para saquear a mata
Cortando foi à madeira.
No solo a mineradora
Rouba fazendo carreira.
Fazendeiro, industrial
Em nossa terra faz feira.

As tribos de índio sofrem
Da horrenda violência.
São vitima da exploração
Sofrendo a ingerência.
De tiranos estrangeiros
Que atua com virulência.

Nas terras que foram dele,
Hoje é toda tomada
Pelo grande latifúndio
Por ele é explorada.
Impondo a ferro e a força
Não sobra um pouco de nada.

O nativo usando a flecha
O rico de arma de fogo.
As tribos são dizimadas
Europeu vencendo o jogo.
Madeira cortada ao tronco
Pelo branco demagogo.

Muito foram os transtornos
Existentes na aldeia.
Diarréia, epidemia
Doença pegou na veia.
Deixando a fome bater
Na toca, na sua ceia.

Os comedores de terras
Grilam e planta o garimpo.
Expulsa o índio afirmando
Que agora o chão será limpo
Acumulando a riqueza
Na altura do Monte Olimpo.

O conflito pela posse
Tem sido muito acirrado.
A luta por território
Deve estar bem no tratado.
Cada pedaço de chão
Merece ser demarcado.

A demarcação da terra
Precisa ser garantida.
Proteger a fauna e flora
Para não ser destruída.
É trilhando esse caminho
Que se defende a vida.

Não tem tempo que apague,
A dor do seu sofrimento.
Quando o colonizador
Espalhou o seu tormento.
Escravizando, matando
Deixando ressentimento.

Pra o viver ser defendido
O costume, a liberdade.
As nossas tribos indígenas
Enfrentam brutalidade.
Onde sua resistência
Foi buscar dignidade.

Hoje as comunidades
Indígena em nosso país.
Vive em total abandono
Tomam balas de fuzis.
A demarcação é farsa
Viver ficar pelo um triz.

O Brasil eram dos índios
Com mais de cinco milhões.
Hoje foram reduzidos
Existem poucas nações.
Fruto de ataques brutais
Dos brancos com seus canhões.

E na atualidade
Sofrendo a violência.
Sem terra para plantar
Para a sobrevivência.
No vicio do alcoolismo
Vive com muita carência.

As políticas dos governos
Só reforça o sofrimento.
Desprestigiando o índio
Que morre no seu lamento.
Sem ter direito algum
Fica jogado em relento.

A dívida com os indígenas
Até hoje ela existe.
E a falta de interesse
É coisa que se persiste.
Vivendo em total desprezo
Lutando muito resiste.

Em nossa sociedade
Se deve ter consciência.
Que os Índios e seus costumes
Para nós é referência
De se viver no respeito
Sem cometer truculência.

Queremos fazer justiça
A um povo espoliado.
Que durante vários séculos
Por dominante esmagado.
Seu levante no presente
É para ser libertado.

E que todo governante
Compreenda a mensagem.
Que os direitos indígenas
Não tenha falsa roupagem.
Já se perdeu muito tempo
Ao longo dessa viagem.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Dia Mundial da Saúde - Cordel sobre o Caos na Saúde



O CAOS NA SAÚDE PÚBLICA
Por Nando Poeta

Deveria ser normal
Se ter direito a saúde.
E toda a sociedade
Na sua magnitude.
Pudesse com igualdade
Alcançar a plenitude.

Mas a viril crueldade
Dos homens desse sistema.
Explora e segue esmagando
Causando grande problema.
Exclui o direito a vida
Com desigualdade extrema.

Na saúde elitizada
Se cura quem tem dinheiro.
Quem não tem as condições
Doença espalha ligeiro.
O rico com mais recursos
Se manda pro estrangeiro.

O pobre sujeito a tudo
Se trata em hospital.
Lotado, sem funcionários
Sem leito, passando mal.
Agrava a enfermidade
Chega a fase terminal.

A saúde no país
Vive num fogo cruzado.
Com a falta de recursos
Pra piorar, o Estado.
Quer doar o setor público
Ao rico setor privado.

O SUS quando veio a vida
Já trouxe muitos defeitos.
Não foi totalmente público
Com privado faz seus pleitos.
Recursos mal definidos
Que limitam os direitos.

O SUS não foi muito claro
Desde o seu nascimento.
Muito pouco destinou-se
Quanto ao financiamento.
Reservaram mixaria
Das verbas do orçamento.

Sempre muito ameaçado
Em cima da corda bamba.
Sujeito as traquinagens
A verba veloz descamba.
Termina tudo na pizza
Em nosso país do samba.

O SUS - o Sistema Único
De Saúde no Brasil.
Foi uma grande conquista
Nas lutas teve o perfil.
De um direito de todos
Contra um Estado hostil.

Hoje está definhando
Pouco a pouco destruído.
Os recursos da nação
Pelo poder corrompido.
Todo o financiamento
Pelo burguês engolido.

A saúde no Brasil
De cama, muito doente.
Na UTI internada
Num leito bem decadente.
Está em coma gravíssimo
Desse sistema carente.

Na vida hospitalar
Ausência de quase tudo.
Da gaze ao simples remédio
Do grosso ao mais miúdo.
Infecções de doenças
Pra defender falta escudo.

Não se tem equipamento
De higiene e segurança.
Deixa o funcionário
Na total insegurança.
A situação precária
Se leva a fazer lambança.

Os leitos hospitalares
Já estão superlotados.
Improvisam em corredores
Doentes amontoados.
Como se fossem produtos
Que não serão mais usados.

A saúde quer socorro
Denuncia o usuário.
A falta de esparadrapo
Já é costume diário.
A luva sumiu das mãos
Ver-se no noticiário.

O caos na saúde pública
Leva o sucateamento.
Usuário peregrina
Atrás do atendimento.
Enfrentando grandes filas
Piorando o sofrimento.

A condição de trabalho
É geralmente precária.
Serviço terceirizado
Gorjeta embrionária.
Contratação flexível
Uma longa carga horária.

E nessa situação
É imensa a gravidade.
Entra e sai os governos
Só fazem calamidade.
Prometem mundos e fundos
Mas é tudo falsidade.

As fundações estatais
É de direito privado.
O “OS” dos tucanos
O PT tem copiado.
Por isso querem vender
A saúde do Estado.

Não podemos encarar
Como uma mercadoria
Por ser a saúde pública
Da vida a primeira guia
Portanto privatizá-la
É grande patifaria.

O direito à saúde
Deve ser universal.
Um claro dever do Estado
E demais essencial.
A negação desse acesso
Se torna um crime letal.

Saúde sendo estatal
Gratuita e de qualidade.
Deve-se mudar os rumos
Dessa precariedade.
E para um SUS social
Contra a lucratividade.

O acesso universal
A todo medicamento.
Que o direito ao aborto
Tenha o seu tratamento.
E a quebra de patente
Seja sempre seu intento.

Do PIB o mínimo queremos
Seis por cento do total.
Para a saúde tornar-se
Saudável, sem nenhum mal.
Sendo um principio básico
De um direito social.

Que se faça investimento
Maciço na prevenção.
Um ponto fundamental
Em qualquer educação.
De se combater doenças
Com muita antecipação.

Para conquistar um SUS
Cem por cento estatal.
Precisa os trabalhadores
Usuários no geral
Organizar-se e lutarem
Pela saúde ideal.

De qualidade e pra todos
Com acesso a todo mundo
Que todo o atendimento
Seja feito num segundo.
Tirando a saúde pública
Desse coma tão profundo.

Sabemos que um sistema
De saúde democrático
Não pode ser garantido
Pelo um poder tão apático.
Por isso mobilizar
É ponto bem programático.

É possível exigir
Mais verba para a saúde,
Que com o dinheiro público
Se tenha logo atitude
De investir o necessário
Pra que o sistema mude.

Você tenha a consciência
Que na vida uma conquista.
É fruto de muita luta
Onde o povo é avalista.
Para o sonho se tornar
A realidade a vista.

Nosso Grupo de Trabalho(GT)
Aceitou o desafio
De organizar a luta
Pelo um SUS de maior brio
Pra que a saúde pública
Não fique só pelo um fio.

A CSP-CONLUTAS
Assumiu o compromisso.
De lutar pela saúde
Contra um governo omisso.
Construindo a resistência
Contra o poder submisso.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Cordel sobre o assassinato de Zé Maria do Tomé



ZÉ MARIA DO TOMÉ
Um exemplo de luta por seu povo
Autor: Jorge Macêdo

Terras manchadas de sangue
Injustiças confirmadas
Indignação e luto
Levantes e barricadas
São capítulos do histórico
De vidas prejudicadas

Com tantas desigualdades
Atos torpes e tiranos
O poderio econômico
Contra os valores humanos
Dá pra ver que pouca coisa
Mudou ao longo dos anos

Os defensores do povo
São sempre desprotegidos
Ignorados por muitos
Facilmente perseguidos
Mesmo com todos impasses
Nunca se dão por vencidos

A fúria da violência
Oprime a dignidade
Muitas investigações
Não esclarecem a verdade
Daí os crimes se ocultam
Nas trevas da impunidade

Já são inúmeros casos
Impunes, Infelizmente
Não se conta quantos líderes
Foram mortos cruelmente
Por que defendiam o povo
A terra e o meio ambiente

Na chapada do Apodi
Numa ação premeditada
Zé Maria do Tomé
Foi morto numa emboscada
Crime horrendo que deixou
A região abalada

Complementando o relato
Do assunto em que prossigo
Tenho uma lista de exemplos
Confira agora comigo
Por que quem defende o povo
Vive em constante perigo

Lembra Antônio Conselheiro?
Religioso que quis
Ver os pobres sertanejos
Numa vida mais feliz
Deu-se o maior genocídio
Da história do país

Chico Mendes outro mártir
O maior dos seringueiros
Defendendo a Amazônia
Vida digna aos companheiros
Tornou-se inimigo e morto
Por ordem dos fazendeiros

Alagoa Grande sente
A falta de Margarida
Que tombou assassinada
Em frente a sua guarida
A gana dos usineiros
Veio ceifar sua vida

Padre Jósimo Tavares
Foi mais um dos brasileiros
Que já tombaram na mira
Das armas dos pistoleiros
Porque não era a favor
Da ganância dos grileiros

Irmã Dorothy no Pará
A Santa missionária
Parou a sua missão
Em uma ação sanguinária
Dos que não querem nem deixam
Fazer a reforma agrária

Ainda têm muitos outros
Que eu poderia falar
Mas deixo pra outra vez
Porque eu vou retornar
Ao caso de Zé Maria
Nosso líder popular

Foi José Maria Filho
Um exímio ser humano
Nascido a quatro de outubro
De sessenta e cinco o ano
Na pequena Quixeré
No Vale Jaguaribano

O povoado serrano
Berço natural de Zé
Pertence a dois municípios
O distrito de Tomé
Uma parte é Limoeiro
E a outra é Quixeré

Casou com dona Lucinda
Mulher de um espírito forte
Mas na tragédia sentiu
A dor de um profundo corte
Ainda hoje lamenta
Sua sina e sua morte

Zé era pai de família
Duas moças e um menino
Márcia que é a mais velha
Soluçou em desatino
Juliane, adolescente
E Gabriel bem pequenino

Com apenas cinco anos
Na orfandade se cria
O pequeno Gabriel
O xodó de Zé Maria
Ainda chora e pergunta
Pelo seu pai todo dia

Veio de família humilde
Neto e filho de operário
Ainda jovem tomou
O mais nobre itinerário
Pois além de agricultor
Foi líder comunitário

Zé passou a ser a voz
Dos conterrâneos sofridos
Nos movimentos de base
Nos protestos reunidos
Combatendo as injustiças
No grito dos excluídos

Enfrentando sacrifício
Rompendo dificuldade
Zé queria o bem comum
Para coletividade
Das setecentas famílias
Da sua comunidade

Era também presidente
De uma associação
Naquela comunidade
Estava sempre em ação
Reivindicando melhoras
Para toda a região

Lutava sempre a favor
Dos sem-terra desgarrados
Trabalhadores rurais
Pobres desapropriados
São pessoas que não têm
Seus direitos respeitados

Pedia escola, saúde
Assistência e moradia
E das casinhas de taipa
O nosso líder queria
A substituição
Por casas de alvenaria

Era o guardião do povo
Do Tomé e região
Os problemas se agravaram
Depois da irrigação
Mas Zé Maria lutava
Em busca de solução

Passou a denunciar
O uso indiscriminado
De diversos agrotóxicos
Num projeto mal falado
Que estava deixando em muito
O povo prejudicado

Pois as substâncias químicas
Sendo assim não fazem bem
Porque envenena o solo
E o sub-solo também
Se continuar assim
Não vai escapar ninguém

Pulverização aérea
Este é o grande mal
Pois o alvo não é só
Os insetos do local
Por que se espalha no vento
E atinge o povo em geral

Zé Maria combatia
O uso de inseticida
A vida a cima do lucro
É a norma preferida
Mas as empresas preferem
O lucro acima da vida

Houve um projeto de lei
Contra a pulverização
Mas quem detém o poder
Domina até sem razão
Da lei que estava aprovada
Fizeram a revogação

A lei era de autoria
Do edil Eraldo Holanda
Mas num confronto de força
A maioria comanda
Atendendo aos interesses
Da outra parte que manda

Assim a população
Continua condenada
A se banhar com veneno
Que despejam na chapada
Em vez de água potável
Beber água envenenada

Em estudos levantados
Pela Universidade
Federal do Ceará
Dizem ter em quantidade
Substância venenosa
Nociva à comunidade

Depois de várias pesquisas
No campo e nas residências
A médica Raquel Rigotto
Constatou as evidências
Da água contaminada
E as graves consequências

Então está comprovado
Zé Maria estava certo
Protestava porque era
Mais audaz e mais esperto
E sentia as ameaças
Desse perigo de perto

Foi mais uma das bandeiras
Que Zé Maria empunhou
Austero, mas coerente
O tempo todo lutou
Lhe custou a própria vida
Mas seu exemplo ficou

Era vinte e um de abril
Do ano dois mil e dez
Aparece o seu carrasco
Com o pior dos papéis
Eliminar sua vida
Com as formas mais cruéis

Duas e meia da tarde
Horário em que Zé Maria
Voltava de Limoeiro
Na moto que possuía
Agonizou baleado
Na margem da rodovia

Sofreu vinte e cinco tiros
O defensor da chapada
Foi erguido um monumento
Na beira daquela estrada
Um marco memorativo
No local da emboscada

O luto cobre a família
Seus amigos e parentes
A morte de Zé Maria
Provocou lágrimas pungentes
Coincidiu com a data
Da morte de Tiradentes

Foi mais um assassinato
Extremamente brutal
Que repercutiu até
Na mídia internacional
Além do amplo destaque
Em toda imprensa local

Até hoje ninguém disse
De onde foi que partiu
Esse desfecho macabro
Que o nosso herói sucumbiu
Impera a lei do silêncio
Ninguém sabe, ninguém viu

Aos quarenta e quatro anos
Quase que precocemente
Zé Maria deu a vida
Pela vida de uma gente
Que só exige o direito
De viver condignamente

Vamos usar o bom senso
Pra ver se o mal se afasta
Vamos dar fim esta guerra
Que há tanto tempo se arrasta
De perseguição já chega
De violência já basta

Ambientalista nato
Amigo da ecologia
Seus ideais estão vivos
Descanse em paz Zé Maria
Não vamos arrefecer
Os seus sonhos hão de ser
Realizados um dia

Autor: Jorge Macêdo
Tabuleiro do Norte – Ceará
20/04/2011

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fragmentos do cordel : A Farra dos Salários



Por Nando Poeta

Nesse país de ricaços
A forturna é concentrada.
Nas mãos de uma minoria
Que no poder faz morada.
Explorando gente boa
Com a força da canetada.

Para a divisão do bolo
Reune a classe burguesa.
Com um pequeno punhado
Divivide toda riqueza.
A maioria do povo
Fica jogado em pobreza.

Cinco, um ,três deputados(513)
Oitenta e um senadores.
Formando todo Congresso
Corja de bajuladores.
São poucos que jogam contra
O time de exploradores.

O Congresso Nacional
Aprovam o próprio aumento.
Engolindo boa parte
Da verba do orçamento.
Já para o serviço público
Não se faz investimento.

Em bando solto em Brasília
Deputados, senadores.
Entre a ilustre cambada
Faz a troca de favores.
E aprova o bombardeio
Contra os trabalhadores.


O salário de politico
É um quarto do total.
Inclui verbas e auxilios
Faz a soma no geral.
Essa farra no Planalto
É vergonha nacional.

Entra como subsidio
A propina de empresa.
Crescendo logo o montante
Aumenta sua riqueza.
Parlamentar na sujeira
Do roubo faz a defesa.

Tem verba indenizatória
Passagem de avião.
O fixo e celular
Na conta vem de montão
O auxilio-moradia
É pago pela Nação.

Os congressistas e ex
Tem um plano de saúde.
Os cônjuges e dependentes
Pede o país que ajude.
E isso se perpetua
E querem que nunca mude.

O décimo quarto e quinto
Mais uma ajuda de custo.
É sempre salário extra
Deputado mais robusto.
E o pobre trabalhador
Na vida levando susto.

O Plenário reunido
De casa cheia, lotado.
Resolveram a solução
Do “salário arrochado”
Fez presente de Natal
Com a verba do próprio Estado.

O Congresso Nacional
Contra o povo contrataca.
Aprovando em beneficio
O seu efeito cascata.
Mostrando ter compromisso
De garantir a Mamata.

O aumento dos picaretas
É muito exorbitante.
Enquanto o salário mínimo
É pequeno, tão minguante.
Parlamentar faz caminho
Trilhando o mundo farsante.

No toma lá e dá cá
Envolve o executivo
Também o judiciário
E todo Legislativo.
Os três poderes unidos
Na roubalheira ativo.

É essa a realidade
Dos políticos do país.
Que dá uma de esperto
“Eu roubo mas sempre fiz”
Afirmando que o povo
É assim sempre feliz.

Diante desse aumento
Não feche os olhos amigo.
Denuncie como puder
A corja de inimigo.
Que votam e derrubam leis
Retira do povo o abrigo.

Feira de Cordel em Natal


Dia 13 de abril no calçadão do IFRN, cidade alta

PROGRAMAÇÃO:

9h: Abertura da feira do cordel
10h: Sarau Libvre
14h: Oficina de xilogravura (Inscrições 20,00, no local)
15h: Sarau Livre
18h: Show de encerramento com Forró Pé de Serra

Realização da Casa do Cordel e Projeto Cordel no shoping
Apoio: IFRN campus Cidade Alta