terça-feira, 20 de julho de 2010

MANOEL E CLEONICE: UMA LIÇÃO DE VIDA

MANOEL E CLEONICE: UMA LIÇÃO DE VIDA
Por Nando Poeta


Estado da Paraíba
Encontraram-se um dia
Manoel e Cleonice,
Um amor se blindaria
Viraram lição de vida
Compondo uma melodia.

Cidade de João Pessoa
Na formosa capital
Começa um grande amor
O olhar foi o sinal
Manoel interessado
Na jovem tão genial.

Ele vem de Guarabira,
Perde os pais quando criança,
Mãe Antônia, pai José,
Deles tem pouca lembrança
Mas o pouco que restou;
Deu-lhe uma forte sustança.

Filho único, filho órfão
Cria Mãenana, avó
Trabalho logo na vida
Limpando mato e cipó
Não frequentou a escola
Esse foi seu grande nó.

Menino, rapaz e homem
Aprendeu na sua vida
Que se tem que batalhar
Para ter sua guarida.
Ganhou logo cedo o mundo
Pelo pão caiu na lida.

Chegando a João Pessoa,
João Belo vai lhe adota,
Trabalho, casa, e comida,
Em troca recebe a nota
Bancando o jogo de bicho
Uma parte era sua cota.

Cléo é filha exemplar
De Julita e seu Vicente
A quarta de onze filhos
Trabalhou sempre contente
No atelier de Adélia
Onde se sentia gente.

Pequena, trabalhadeira,
Ganhava já seu trocado.
Cléo sempre obediente,
Ajuda em casa o mercado
Com os seus irmãos pequenos
Tinha um maior cuidado.

Foi noiva de um Evonio
O rapaz não lhe atraiu
Mas sempre contente e rindo
Um outro rapaz surgiu
Manoel entrou na vida,
Daí novo amor floriu.

Os pais não quiseram muito
Esse novo namorado
O início foi difícil
Barreiras pra todo lado
Mas na trilha estava escrito
Que era um casal gamado.

Fizeram de tudo mesmo
De longe às vezes se viam
Quando se aproximavam
Energia eles sentiam
Um toque na mão ou beijo
No desejo ficariam.

Nossa Senhora das Neves,
Padroeira da cidade.
Era nessa grande festa
Que os dois com liberdade
De mãos dadas passeavam
Com muita felicidade.

Quando o passeio termina
Cada um para o seu canto
Durante toda a semana
A saudade bate tanto
Que a vontade de se ver
Às vezes causava pranto.

Na igreja em Jaguaribe
No dia dos namorados
Manuel e Cleonice
Os dois rezam seus tratados
Com fé em Nossa Senhora
Do Rosário, abençoados.

Em cinquenta foi o ano (1950)
Que nasceu esse namoro,
Cinco anos escondidos,
Se pegassem iam pro coro,
Seu Vicente muito rígido
Já deixava a Cléo no choro!

Depois de uns cinco anos
Foram dois mais de noivados
Agora o compromisso
Era o de ficar casados
Dona Julita e Vicente
Ficaram tranquilizados.

Manoel pela família
Passou a ser bem aceito
Um homem trabalhador
Era bom e de respeito
Fazia qualquer ofício
Com resultado perfeito.

Em vinte e seis de outubro
Do ano cinquenta e sete.
Teve casório marcado
O arroz foi o confete
Celebrado na igreja
Entre os dois o “Sim” repete.

Vão morar no Alecrim
Um bairro lá de Natal
Na Empresa Xavier
De ônibus foi o fiscal
Mas logo essa empresa
Deixou essa capital.

Partem para Pernambuco,
Pra cidade de Goiana,
E nessa empresa de ônibus
Manoel recebe a grana
De Recife a São Paulo
O trajeto foi sacana.

O ônibus fica quebrado
E Manuel de aventura
Em São Paulo sem dinheiro
Na rua da amargura
Chaveta não manda grana
Não tem pão, nem rapadura.

Cléo com a sua filhinha,
Com um ano ou mais de vida,
Chamada de Mauricléia
É filha muito querida
Distante de Manoel
Passou a ficar sentida.

Quando chega da viagem
Manoel é despedido
Passando dificuldades
Se sente muito ofendido
Ao primo de Cleonice,
Ficou muito agradecido.

Manoel e Cleonice
De volta para Natal
Na Vila Marcilio Dias
Escolhe esse o local
De novo no Alecrim
Perto da Vila Naval.

Arranjou logo um emprego
Na nova Universidade
Funcionário Federal
Teve estabilidade
O salário era pequeno
Mais lhe deu tranquilidade.

E Cléo dobrou a jornada,
Trabalha de costureira.
E na renda faz somar
Ajudar sempre na feira
Tomando conta de casa
Não bate nunca canseira.

Teve duas gravidezes
Que não tiveram sucesso
Mas logo na sua quarta
Fernandinho vem de expresso
Cleinha ganha o irmão
Era gordinho, confesso.

Com onze meses depois
Nasceu o filho Vicente
Em homenagem ao avô
Que logo ficou ciente
Passando alegrar a casa
Deixando o lar bem contente.

Cinco anos vem mais tarde
A chegada de Tadeu
Chamado de Tadeuzinho
Um irmão novo nasceu
Agora forma um quarteto
E a família cresceu.

Assim formada a família
Cleonice e Manoel
Trabalhou de dia à noite
Cumprindo forte papel
Educando filha e filhos
Para a vida ser fiel.

E a Cléo em sua máquina
Produziu muita costura
O seu grande objetivo
Preparar vida futura
Preocupada que os filhos
Consiga maior fartura.

E de sábado ao domingo
Na noite faz o serão
Fantasia do Rei Momo
Carnaval, animação
Chegava o meio do ano
Era festa de São João.

Na Vila Marcilio Dias
Tinha fogos e fogueiras
Pamonha e muita canjica
Na rua muitas bandeiras
Crianças soltando traque
Faz parte das brincadeiras.

Passear era comum
No domingo até na praça
Ir à praia da Redinha
De lancha ou de barcaça
É programa da família
Com custo quase de graça.

O ganho nosso era pouco
Aluguel de Artuzinho
Em setenta e nove veio (1979)
Um lugar, pra nosso ninho
Saímos do Alecrim
Deixando velho vizinho.

Celina que ainda hoje
Faz parte do coração
O seu neto que é Fagner
É nosso pequeno irmão
A nossa velha Vilinha
É boa recordação.

Saindo do aluguel
Que fica por vinte anos
O sonho se torna vivo
Realizam velhos planos
Foi pra Santa Catarina (1982)
Os pais e os quatro manos.

Foi aí onde a família
Espalha-se pra crescer
Surgiram os novos lares
Não fez desaparecer
Agora se soma aos netos
Fazendo foi florescer.

Cleonice e Manoel
Hoje tem netos e netas
São pilares da família
Que seguimos suas setas
São nossas lições de vida
Com objetivo e metas.

Seu time de neto e neta
Gabriel e a Gabriela
Vinicius, Juninho, Aninha
Emanuel, Emanuela
Maria, Renê, Fernanda
E Thaísa Rafaela.

E buscando a natureza,
Foi morar em Pitangui.
De mar puro e o ar fresco,
Igual não se tem ali
Manoel e Cleonice
É casa de colibri.

A casa na praia é,
Um lugar muito saudável
Sempre cabendo mais um
No coração formidável
Manuel e Cleonice
É um casal bem amável.

Aprendemos que na vida
Tudo o que é conquistado
Foi fruto do nosso esforço
Pelo suor foi banhado
Prega Cléo e Manuel
Por eles foi ensinado.

Não se tinha nada fácil
Mas unidos confiantes
Percebeu que a união
Tinha força de gigantes
E que juntos venceríamos
Se fôssemos perseverantes.

As pedras que vão surgindo
Pelo meio do caminho
É possível removê-las
Quando se tem o carinho
É o que nós percebemos
De filhinha e de filhinho.

Inda hoje relembramos,
De seu forte ensinamento.
Nas vidas que construímos
Buscamos o pensamento
Que filhinho e que filhinha
Plantou com o firmamento.

Temos a sorte na vida
Pelos pais maravilhosos
Presentes, compartilhando
Os momentos preciosos
Manoel e Cleonice
Deles somos orgulhosos.

Seus ensinamentos certos
Aprendemos com prazer
Trazemos em nossas vidas
No trabalho e no lazer
E hoje pra nossos filhos
Lecionamos tal dever.

Nem sempre na vida é,
Tudo uma perfeição
Temos os altos e baixos
Se tropeça vai ao chão
Mas vocês nos ensinaram
Não cair na perdição.

Essa é uma simples História
Mas grande lição de vida
Narrada nesse cordel
Pela família vivida
Manoel e Cleonice
É gente muito querida.

Parabéns ao casal
Por tamanha sensatez,
A esperança e a fé
Deram tanta a lucidez
E fez forte como rocha
O lindo amor de vocês!

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